Entenda os 20 pontos do plano de Trump para a paz em Gaza

Acordo é classificado pelos palestinos como ‘pouco realista’, uma vez que foi ‘redigido com condições que EUA e Israel sabem que o Hamas nunca aceitará’, o que, segundo eles, significa que a guerra possivelmente ‘continuará’

Após dias de especulação, a Casa Branca publicou nesta segunda-feira (29) um plano de 20 pontos para pôr fim à guerra de quase dois anos em Gaza, libertar os reféns mantidos pelo Hamas e definir o futuro do território palestino. Em uma intervenção ao lado do presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apoiou com cautela o plano.

Isto é o que foi publicado pela Casa Branca:

1. Gaza será uma zona livre de terrorismo e desradicalizada que não represente uma ameaça para seus vizinhos.

2. Gaza será reconstruída em benefício de sua população, que já sofreu mais que o suficiente.

3. Se ambas as partes concordarem com esta proposta, a guerra terminará imediatamente. As forças israelenses se retirarão para a linha acordada a fim de preparar a libertação dos reféns. Durante esse tempo, todas as operações militares serão suspensas e as linhas de batalha permanecerão congeladas até que se cumpram as condições para a retirada completa e gradual.

4. Dentro das 72 horas seguintes à aceitação pública deste acordo por parte de Israel, todos os reféns, vivos e mortos, serão devolvidos.

6. Uma vez que todos os reféns sejam devolvidos, os membros do Hamas que se comprometerem com a coexistência pacífica e entregarem suas armas obterão anistia. Os membros do Hamas que desejarem sair de Gaza receberão passagem segura para os países receptores.

7. Após a aceitação deste acordo, toda a assistência será imediatamente enviada para a Faixa de Gaza. A quantidade será, no mínimo, a estabelecida no acordo de 19 de janeiro de 2025 sobre ajuda humanitária, incluindo a reabilitação de infraestruturas, hospitais e a entrada do equipamento necessário para remover escombros e abrir estradas.

8. A entrada e distribuição da ajuda na Faixa de Gaza será realizada sem interferência através das Nações Unidas e suas agências, do Crescente Vermelho e de outras instituições internacionais não associadas a nenhuma das partes.

9. Gaza será governada por um comitê palestino tecnocrático e apolítico, responsável pela gestão diária dos serviços públicos e municipalidades para a população de Gaza. Este comitê será integrado por palestinos qualificados e especialistas internacionais, sob a supervisão de um novo organismo internacional de transição, a “Junta da Paz”, presidida pelo mandatário Donald Trump, cujos membros e chefes de Estado serão anunciados em breve, incluindo o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Esse organismo estabelecerá o marco e gerenciará o financiamento para a reurbanização de Gaza até que a Autoridade Palestina complete seu programa de reformas.

10. Será criado um plano de desenvolvimento econômico de Trump para reconstruir e revitalizar Gaza mediante a convocação de um painel de especialistas que contribuíram para o nascimento de algumas das prósperas cidades modernas do Oriente Médio.

11. Será estabelecida uma zona econômica especial com tarifas preferenciais e taxas de acesso que serão negociadas com os países participantes.

12. Ninguém será obrigado a deixar Gaza, e aqueles que desejarem sair serão livres para fazê-lo e para regressar.

13. O Hamas e outras facções concordam em não participar da governança de Gaza, nem direta nem indiretamente, de nenhuma forma. Toda a infraestrutura militar, terrorista e ofensiva, incluindo túneis e instalações de produção de armas, será destruída e não será reconstruída. Um processo de desmilitarização de Gaza será realizado sob a supervisão de observadores independentes.

14. Os parceiros regionais garantirão que o Hamas e as facções cumpram com suas obrigações e que a Nova Gaza não represente uma ameaça para seus vizinhos nem para sua população.

15. Os Estados Unidos colaborarão com parceiros árabes e internacionais para desenvolver uma Força Internacional de Estabilização temporária que será imediatamente destacada em Gaza. Esta capacitará e dará apoio às forças policiais palestinas credenciadas em Gaza. Além disso, manterá consultas com a Jordânia e o Egito, que contam com ampla experiência nesse âmbito, e colaborará com Israel e Egito para ajudar a assegurar as zonas fronteiriças.

16. Israel não ocupará nem anexará Gaza. À medida que a Força Internacional de Estabilização estabelecer o controle e a estabilidade, as Forças de Defesa de Israel (FDI) se retirarão segundo os padrões, marcos e prazos vinculados à desmilitarização que serão acordados entre ambas as partes, os garantes e os Estados Unidos.

17. Caso o Hamas atrase ou rejeite esta proposta, o anterior, incluindo a intensificação da operação de ajuda, será levado a cabo nas zonas livres de terrorismo cedidas pelas FDI à Força de Estabilização.

18. Será estabelecido um processo de diálogo inter-religioso baseado nos valores da tolerância e da coexistência pacífica para tentar mudar a mentalidade e as narrativas de palestinos e israelenses, enfatizando os benefícios que podem advir da paz.

19. À medida que avance a reurbanização de Gaza e se implemente fielmente o programa de reforma da Autoridade Palestina, poderiam finalmente ser criadas as condições para um caminho credível em direção à autodeterminação e à criação de um Estado palestino.

20. Os Estados Unidos estabelecerão um diálogo entre Israel e os palestinos para acordar um horizonte político para uma coexistência pacífica e próspera.

*Com informações da AFP 

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