Rondônia deixou de arrecadar R$ 275 milhões em impostos nos últimos dois anos por causa de furtos de energia, fraudes e roubos de cabos, segundo levantamento da Energisa. O valor corresponde ao montante que deixou de circular nos cofres públicos e que poderia ter sido direcionado para serviços essenciais.
Somente em 2024, as chamadas perdas não técnicas — categoria que inclui ligações clandestinas e demais irregularidades — ultrapassaram 670 GWh, gerando impacto estimado em R$ 160 milhões na arrecadação.
Entre janeiro e outubro de 2025, o volume perdido já chega a 480 GWh, o equivalente a R$ 115 milhões em tributos que não entraram na receita estadual.
🔎 Como funciona a arrecadação nas contas de luz:
A maior parte do valor pago pelo consumidor não fica com a concessionária. A quantia é dividida entre impostos federais, estaduais e municipais (como ICMS, PIS e COFINS), além de encargos setoriais que sustentam o sistema elétrico.
Com base nas estimativas, os R$ 275 milhões poderiam financiar, por exemplo:
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1.239 ambulâncias;
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145 Unidades Básicas de Saúde (UBS) nível 1;
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550 ônibus escolares;
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20 escolas de tempo integral.
🔎 Os cálculos consideram dados oficiais do governo federal — uma UBS na região Norte, por exemplo, custa em média R$ 1,8 milhão, segundo o Ministério da Saúde.
Para conter o avanço do furto de energia, forças de segurança estaduais têm intensificado operações com apoio técnico da Energisa. Somente em 2024, 71 pessoas foram presas por realizar ligações irregulares.
Em 2025, o número já chega a 125 detidos, sendo 22 apenas em novembro.
As ações também resultaram na apreensão de mais de 1 km de cabos exclusivos da concessionária — suficientes para abastecer cerca de 30 casas — além de 7 transformadores avaliados em aproximadamente R$ 113 mil, medidores e outros equipamentos.
Os municípios com maior índice de ocorrências são Porto Velho, Ariquemes e Ji-Paraná.
Segundo a Energisa, os furtos afetam diretamente a capacidade de investimento do Estado e prejudicam a oferta de serviços públicos.


