O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quinta-feira (31) que o governo federal está finalizando um plano de amparo a setores da economia brasileira afetados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. A medida, assinada pelo presidente americano Donald Trump, atinge boa parte das exportações brasileiras e entra em vigor na próxima semana. “O plano está praticamente pronto e foca em preservar o emprego e a produção. Agora, com o tarifaço, o presidente Lula vai bater o martelo, porque isso tem impacto financeiro e tributário”, disse Alckmin, em entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo. Ele também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), pasta responsável por articular as negociações com o governo americano.
Alckmin afirmou que a fase mais intensa da negociação com os EUA começa agora e que o governo ainda tenta reverter a decisão, especialmente sobre os 35,9% das exportações efetivamente impactadas pela nova tarifa. “Não damos isso como assunto encerrado. A negociação começa mais forte agora”, disse. Segundo o vice-presidente, uma parte dos produtos brasileiros foi poupada da tarifa, como suco e polpa de laranja, alguns minérios, aeronaves e equipamentos tecnológicos. Ainda assim, setores como o de aço e alumínio, já sujeitos a tarifas desde 2018, continuam impactados.
Além das tratativas diplomáticas, Alckmin revelou que empresas americanas têm acionado a Justiça dos EUA para contestar a medida. Segundo ele, a judicialização é uma das frentes que podem contribuir para reverter a decisão, que teria sido influenciada por motivações políticas, incluindo pressões de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governo brasileiro, por sua vez, tem reiterado que não aceitará discutir decisões do Judiciário ou questões internas como condição para avançar nas negociações. Em uma carta anterior, Trump havia justificado a sobretaxa citando o suposto tratamento político dado a Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acusando o Brasil de perseguição.
Na entrevista, Alckmin também abordou o impacto das tarifas na inflação. Ele afirmou que, apesar da sobretaxa, a tendência é de queda nos preços, impulsionada por uma supersafra agrícola e pela estabilidade do câmbio. “É importante não deixar a crise escalar para não subir o dólar, porque o dólar reflete muito rápido na inflação. Mas estou otimista com a questão inflacionária”, disse.
O plano de amparo a setores afetados ainda não foi detalhado, mas deve incluir medidas emergenciais de apoio à produção e ao emprego. Desde o anúncio das tarifas, Alckmin tem liderado reuniões com empresários e representantes de diversos segmentos da economia, como agronegócio, indústria e tecnologia, para avaliar os efeitos da medida e buscar soluções. A escolha de um programa de entretenimento para tratar do tema é uma estratégia de comunicação mais ampla do governo, voltada a esclarecer o impacto da medida para o grande público.
*Reportagem produzida com auxílio de IA